Um novo composto de pneu está disponível para as equipes LMGT3 do WEC da FIA neste fim de semana em São Paulo, com a Goodyear estreando seu novo composto duro com rótulo vermelho na corrida de domingo em Interlagos. O duro (anteriormente chamado de Médio Plus) segue uma temporada e meia de uso do F1 Eagle Supersports original de especificação média na categoria jovem.
A Goodyear já tinha o composto pronto desde a segunda metade da temporada de 2024, após uma longa fase de desenvolvimento que incluiu testes em circuitos por toda a Europa. No entanto, a empresa esperou até esta semana para exibi-lo, após optar por coletar mais dados com o Medium no WEC e no ELMS na segunda metade da temporada passada e na primeira metade de 2025.
O novo Hard foi projetado para ser mais eficaz em superfícies mais agressivas e/ou pistas com maior energia de deslizamento, além de ter uma janela de operação mais ampla em climas mais extremos. Portanto, a Goodyear acredita que a corrida deste fim de semana no circuito de Interlagos, com 4,3 quilômetros de extensão, representa uma oportunidade ideal para sua estreia global.
“No ano passado, tentamos ter uma noção dos carros o máximo possível e decidimos correr em cada circuito com o composto Médio para entender quais são mais exigentes em comparação com nossos dados de simulação”, disse Mike McGregor, chefe de corridas de resistência da Goodyear, à RACER. “Enquanto isso, em segundo plano, trabalhamos com Ferrari, BMW e Porsche no Hard e, posteriormente, demos a oportunidade aos outros fabricantes de testar este novo pneu antes de seu lançamento físico.”
“Se você observar a natureza de São Paulo, é o lugar certo para esta estreia. Foi recapeado duas vezes desde que estivemos lá no ano passado. Eles recapearam todo o circuito, mas parte dele teve que ser recapeada novamente depois. Ainda nem sabemos como ficará a superfície, mas é uma pista realmente desafiadora. A mudança de elevação que existe lá, a forma como os pneus do lado direito são tão fortemente carregados, deve dar às equipes muito mais oportunidades de explorar o desempenho em detrimento da longevidade.”
É importante notar que, mesmo após a estreia do Hard, a Goodyear continuará a selecionar um único composto para cada corrida do WEC. Isso difere da marca rival Michelin, que traz dois dos seus três compostos slick Hypercar para cada etapa (exceto Le Mans, onde toda a gama está disponível).
No entanto, McGregor acredita que as equipes continuarão a ter uma série de opções estratégicas à disposição com o novo Hard.
“Estou realmente interessado em ver como algumas das corridas vão se desenrolar”, diz ele. “Acho que, como vemos nos fabricantes de chassis, certos carros levam certas vantagens em certas pistas.
“Haverá alguns aspectos interessantes em trazer a especificação Eagle Hard, pois isso permitirá que certas equipes explorem o desempenho em diferentes períodos do stint. Alguns carros poderão ser mais competitivos no primeiro stint, e outros encontrarão ritmo no segundo devido à maneira como conseguem explorar o desempenho deste pneu.”
Mais adiante, o Hard foi selecionado para uso no Circuito das Américas e na final da temporada no Bahrein, em novembro. Já o Medium, com a etiqueta amarela, retornará ao Fuji Speedway em outubro.
“Testamos o Hard em uma faixa muito ampla de temperaturas”, explica McGregor. “Usamos temperaturas de até cinco graus para garantir que ele ainda tenha essa versatilidade, essa dirigibilidade.”
Esperamos o mesmo feedback do outro lado da escala em lugares como o COTA. Em Austin, no ano passado, vimos temperaturas ambientes extremas de 46-47 graus e esperamos que seja adequado para isso. E depois vamos para o Bahrein, que todos sabem que é difícil em termos de degradação de pneus.
Se o Hard provar ser tão versátil quanto anunciado, poderemos vê-lo usado com mais frequência em 2026, já que, durante a entressafra, a Goodyear reavaliará quais circuitos melhor se adequariam aos seus pontos fortes.
Segundo Stephen Kilbey, da reviosta Racer, a abertura da temporada do WEC no Catar, marcada para o final de março, significa que temperaturas mais altas são esperadas, o que a torna uma “questão em aberto”. Spa, mesmo com sua recapeamento, também pode ser motivo de debate. Há também a possibilidade de estrear na European Le Mans Series.
“É tudo uma questão de escolher o pneu ideal para a pista certa, pois não esperamos que tudo permaneça igual a cada ano”, acrescentou McGregor. “Mas decidiremos com bastante antecedência, porque não acreditamos em transportar pneus pelo mundo sem motivo.”
Este marco para a LMGT3 chega em um momento movimentado para a divisão de corrida da Goodyear. Em paralelo, a empresa vem trabalhando em um acordo para fornecer o novo campeonato histórico de apoio do WEC, Legends of Le Mans, em 2026, além de desenvolver novos produtos para as categorias LMP2 e LMGT3.
A linha LMGT3 será atualizada em 2027, com o objetivo principal de aprimorar suas credenciais verdes. Atualmente, o objetivo é aumentar a quantidade de materiais sustentáveis utilizados para impressionantes 68%.
“Estamos muito próximos dessa meta em produtos de desenvolvimento, depois de iniciar o LMGT3 com 33%”, diz McGregor. “Afinal, somos fabricantes de pneus, e acho que, se você olhar para a herança da Goodyear, tudo se resume ao desempenho e ao que entregamos dentro desse desempenho. A sustentabilidade é um grande foco para nós, mas, ao mesmo tempo, os pneus precisam ter esse nível de desempenho. Aprendemos muito nos últimos anos.”
“Assim que assinamos o Eagle Hard, começamos a trabalhar na próxima era dos pneus GT3, e estou confiante de que podemos chegar lá e talvez até superar essa meta.”
Quanto ao futuro da marca na LMP2, ela tem um contrato para fornecer borracha para os carros da próxima geração que serão lançados em 2028. Agora que o processo de licitação do chassi e do trem de força foi concluído, a marca começou a trabalhar em uma linha totalmente nova.
Os pneus de 2028 não serão uma evolução da especificação LMP2 atual vista no ELMS e nas 24 Horas de Le Mans, que estreou em maio. Em vez disso, os engenheiros da Goodyear começaram a trabalhar do zero.
“Começamos o GT3 com 33% de materiais sustentáveis e, com o LMP2, buscamos dar grandes passos na nova era também, pois precisamos continuar essa mensagem enquanto traçamos um caminho a seguir”, explica McGregor.
A LMGT3 é a porta de entrada para uma proposta de fornecimento de pneus protótipos para a Goodyear? Fabrizio Boldoni/DPPI
Olhando para o futuro, a Goodyear parece ter ambições mais amplas no topo do automobilismo, além de sua presença na NASCAR, no Campeonato Britânico de Carros de Turismo e nas corridas de Nürburgring Nordschleife. Espera-se que ela concorra ao próximo contrato de fornecimento do WEC Hypercar (após 2029), embora, sem dúvida, haja forte concorrência da atual fornecedora, a Michelin. A marca francesa atualmente equipa o Hypercar e a classe GTP da IMSA, e lançou recentemente uma nova linha de pneus slicks que correrão pela primeira vez em 2026.
“Tivemos uma mudança em nossa equipe global de liderança no ano passado”, explica McGregor quando questionado sobre os planos futuros da Goodyear no esporte. “Mark Stewart assumiu como nosso CEO, e Will Roland assumiu o cargo de CMO. Essa equipe nos disse: ‘Queremos ser os número um em pneus e serviços, e faremos o que for preciso para chegar lá.’”
“Neste momento, não estou dizendo que estamos comprometidos em chegar lá, ou que queremos chegar lá, mas estamos avaliando tudo, cada campeonato que está por aí.
A Goodyear é a única fabricante de pneus a vencer o quadriciclo em um ano, com as 500 Milhas de Daytona, o Grande Prêmio de Mônaco, as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans. E estamos comemorando o 60º aniversário da nossa primeira vitória em Le Mans este ano. Acho que qualquer um seria tolo se pensasse que não estamos de olho em tudo o tempo todo.
Desempenho, consistência, longevidade e, cada vez mais, sustentabilidade parecem ser os campos de batalha do mercado, dentro e fora das pistas. Quem disse que a guerra de pneus é coisa do passado?