A indústria automobilística sempre foi repleta de surpresas e paixões, conhecemos vários entusiastas que investiram fortunas e muito tempo na realização de carros conceito e que, infelizmente, não decolaram.
Trataremos hoje de um desses carros, uma verdadeira fera, quase a prova de balas, que pretendia ser um super-carro, mas não decolou. O uso de “decolou” foi proposital, bem como literal, visto que a indústria responsável pelo “super-carro” em questão se auto-intitulava “indústria aero-veicular” e tinha como objetivo vender seus veículos como um mix entre carro e avião.
O carro em questão era o lendário Vector W8, que foi lançado em 1989 e teve sua produção interrompida em 1993, nos seus quatro anos de produção foram construídas apenas 23 unidades, sendo uma delas o “crash test”. De gosto duvidoso e exótico idealizado por Gerald Wiegert e David Kostka, o automóvel/aeronave era produzido em Wilmington, Los Angeles, na Califórnia.
Os designers idealizaram um veículo cuja base do monobloco era de alumínio aeronáutico e seu acabamento era de fibra de carbono com Kevlar, o mesmo material utilizado nos coletes a prova de balas e nos ônibus espaciais da Nasa. A megalomania na construção desse bólido podia ser observada, também, no motor, um V8 de 6.0 litros equipado com dois turbos, um em cada bancada, produzindo 625 HP (valor muito acima da média para os padrões de 2020, que dirá há mais de três décadas).
Além disso, o Vector W8, ou apenas W8, gerava incríveis 649 lb.ft de torque a 5.700 RPM – em comparação, uma Corvette Z-06 ano 2019 produz 650 lb.ft de torque. Fica claro o quão avançado e ambicioso foi o projeto para o final da década de 1980. A máquina tentava ao máximo se aproximar de uma aeronave; para tanto possuía painel importado da indústria aeroespacial, sendo utilizado em alguns caças da Northrop Corporation, mesma fabricante do caça F-5, eternizado no filme Top Gun (1986).
Sua alavanca de marcha (cambio hidramático de três velocidades) ficava entre o banco do motorista e a porta, assemelhando-se sobremaneira a uma manete de empuxo de um caça (o que dificultava muito entrar no W8).
Seus botões de funções básicas, como acionamento de faróis, lanternas e luz de cortesia eram todos oriundos da indústria aeronáutica, além disso, os botões de fusíveis ficavam expostos no painel principal semelhante ao que ocorre com algumas aeronaves.
Mesmo com todas suas peculiaridades, o desempenho do carro era, realmente, excepcional; atingindo 389 Km/h em sua velocidade máxima e, impressionantes, 0 a 100 em menos de 4 segundos. Segundo seu produtor, o carro tinha o objetivo de ter o melhor desempenho entre os super-carros.
Foram diversos os motivos para o fracasso do W8, o modelo era demasiado frágil e quebrava excessivamente, o sistema de escapamento causava incêndios, seu acabamento que misturava carros de linha (populares) com invenções pouco ortodoxas, além de seu preço altíssimo e, o principal, seu design nunca agradou os amantes de carro.
Agora é com você leitor, o que você acha do Vector W8? Ele estava realmente à frente de seu tempo ou era somente um carro bizarro que estava fadado ao fracasso desde o início?