Vitor Matsubara, para Autootive News, em maio de 2022, destacava que o iX não é apenas o segundo carro elétrico da BMW no mercado brasileiro. Ele seria bem mais do que isso. O SUV representava uma ruptura com o padrão de veículo eletrificado ao qual nos acostumamos.
Assim como o Porsche Taycan, o BMW iX foge do lugar comum. Não é uma versão eletrificada de um modelo a combustão (como o Mercedes-Benz EQC, por exemplo), nem apela para as cores vibrantes que identificam um modelo híbrido ou elétrico para se destacar na multidão.
Desenho do BMW iX é ousado e controverso
Em vez disso, aposta em um design que, se não é unanimidade, cativa pela ousadia. O estilo agressivo da frente inclui a controversa grade frontal de dimensões exageradas. Só que nele, o “duplo rim” não parece desproporcional como no M3, e nem exagerado como no Série 7.
Além disso, a grade também traz uma solução tecnológica pouco comum: a capacidade de regenerar danos superficiais, como riscos causados por pedregulhos. Tudo acontece por meio de uma membrana que, quando estimulada pelo calor, é capaz de eliminar riscos e afins.
Nas laterais, o iX tem uma linha de cintura inusitadamente baixa para um SUV e as colunas traseiras trazem apliques na cor preta, que se popularizaram nos últimos anos. A traseira tem estilo mais comedido, mas não menos futurista. A câmera de ré fica escondida sob o logotipo da BMW e as lanternas são bem afiladas.
De outro mundo
Nada, porém, supera a cabine do BMW iX, que impressiona por fugir do usual. Quase não há botões, já que as funções mais importantes (e até as inúteis) estão agrupadas na gigantesca tela de 14,9 polegadas da central multimídia. Nela é possível controlar o ar-condicionado (que tem quatro zonas de temperatura), alterar o modo de condução do veículo ou visualizar imagens em 360 graus. Existe até uma câmera interna que pode gravar imagens da cabine por meio de um comando via aplicativo de smartphone.
Devido à distância entre-eixos de 3 metros, o iX é bastante espaçoso. Quem viaja no banco de trás usufrui de muito espaço para os joelhos, além de duas entradas USB do tipo C atrás dos bancos dianteiros e descansa-braço central com dois porta-copos.
Nas portas não existe maçaneta interna – ela até está lá, mas propositalmente escondida. Para sair do veículo basta apertar um pequeno botão ao lado dos comandos dos bancos elétricos, que são feitos de cristal. A exemplo do i3, o iX utiliza vários materiais recicláveis e/ou ecologicamente corretos no acabamento.
Os bancos são extremamente confortáveis, são dotados de massageadores e, pasme, até alto-falantes dentro deles. É difícil descrever a sensação de escutar os graves tão próximos aos ouvidos. Ao todo são nada menos do que 30 alto-falantes espalhados pela cabine.
O iX vem com uma assistente pessoal que reconhece comandos de voz. E mais do que isso: por ser conectada, ela usa inteligência artificial para reconhecer alguns padrões do usuário. O sistema de voz aprende com os hábitos e preferências do usuário, fazendo com que a experiência a bordo se torne cada vez mais personalizada.
Segundo a BMW, o SUV pode “analisar o caminho que está sendo feito e cruzar com dados de horário e destino” para repetir ações que já foram feitas previamente pelo condutor. Assim, o carro elétrico pode abrir o vidro do motorista para acionar o portão eletrônico da residência.
Desempenho de um típico BMW
O BMW iX está à venda em duas versões de acabamento: xDrive 40 (R$ 659.950) e xDrive 50 (R$ 798.950). Na configuração mais cara, o SUV entrega nada menos do que 523 cv e torque instantâneo de 78 kgfm. Esses números fazem com que ele precise de apenas 4,6 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h. Nada mal para um monstro de 2,5 toneladas.
Mesmo no modo mais frugal, o iX não nega fogo quando provocado. A direção tem respostas diretas e se torna pesada no modo mais esportivo, que também altera a rigidez dos amortecedores.
A autonomia impressiona. São 630 quilômetros declarados pelo ciclo WLTP, que é o padrão utilizado na Europa. Como no i3, existe um modo que reforça a atuação do sistema de regeneração de energia, permitindo que o motorista dirija o veículo sem pisar no pedal do freio. Basta tirar o pé do acelerador para que o iX comece a perder velocidade gradativamente.
Na hora da recarga, o modelo da BMW suporta uma corrente de até 195 kW, com ganho de 70% do nível de bateria em apenas 35 minutos – desde que a estação tenha recarga rápida. Neste caso, a autonomia sobe até 150 quilômetros em apenas 10 minutos.
Lotado de equipamentos
Evidentemente você espera que um carro de quase R$ 800 mil seja lotado de equipamentos. É exatamente isso que acontece com o iX.
Além dos faróis a laser, o carro tem itens como head up display, bancos dianteiros com regulagens elétricas, painel digital com tela de 12,3 polegadas, fechamento das portas por sucção e sistema de reconhecimento de gestos. Sobre este último, basta realizar alguns movimentos com as mãos para regular o volume do sistema de som, por exemplo.
O teto solar não tem cobertura para proteger os passageiros da luz solar. Isso porque uma membrana muda a transparência do teto caso o sol incomode os ocupantes.
Na segurança, o SUV oferece tecnologias como piloto automático adaptativo (capaz de acelerar, frear e fazer curvas mais suaves), alerta de colisão frontal, sensor de pontos cegos, assistente de permanência em faixa de rolagem e alerta de tráfego cruzado. O assistente de estacionamento tem funcionamento 100% autônomo: não é preciso acelerar nem frear.
Curiosamente, o capô do BMW iX não pode ser aberto pelo proprietário. Apenas a rede autorizada está capacitada a removê-lo para realizar manutenções específicas. Resta se contentar com o charmoso bocal para encher o reservatório de água dos limpadores de para-brisa, que fica sob o logotipo da BMW.
Por que o BMW iX se destaca?
Como você notou, não é só o design que faz o iX se destacar. A tecnologia embarcada impressiona até para os altos padrões das marcas de luxo, assim como o desenho da cabine, que é de encher os olhos.
Talvez você não aprecie o estilo ousado ou questione a importância de alguns recursos presentes no carro. De toda maneira, dificilmente alguém vai discordar que o iX é diferente de tudo que existe na atualidade. Será dura a vida de quem quiser superá-lo daqui para frente.